domingo, 3 de outubro de 2010

Primeira Pessoa e Segunda Pessoa




Primeira Pessoa

Ouço o som sustenido de garças
a esfalfarem-se em horizontes sem águas,
tementes de serem azuis.

Falo por continentes instáveis,
como Pedro que virou pedra,
a proclamar evangelhos de João.

Sonho como um oceano náufrago
em garrafa de champanhe,
a borbulhar estrelas no céu de tua boca.

Vejo um diagrama de planctos
saciados de escamas, arrancadas
do solidéu de cardeais profanos.

Algo assim como algas com medo de sóis
como faróis em solidão de mar - a luz que me guia
Para atracar-me em teu cais.


Segunda Pessoa

Retines entre canyons e vales,
reverberas em ecos, em vértebras.
Curvilíneo,
meu sentido de sino
É dobrar-me aos teus pés.

Amores fósseis, inúteis,
pólens para fecundação de núvens
e germinarem tempestades no meu coração.

Sou por vós e por outrem
a dor de ambos, dissociados
em um só, siameses em um amor partido.
(Bruxo)

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