domingo, 3 de outubro de 2010

FADO

Um Fado
Quando oiço um fado lisboeta,
Algo, por fora me escraviza,
Outro, por dentro, me liberta.
Assim, impreciso, singro mares à guisa...

Quando oiço um fado de Amália,
Cospe-me o vulcão à vida insana,
Corta-me, lanha-me, me espalha
Ao longe, ao derredor da Taprobana...

Ao ouvir esses fados lusitanos,
Vem-me de Belém os sinos soberanos
Junto uma dor, uma solidão insular.

Ao ouvir esses fados d’Além Tejo,
Vem-me insopitável desejo,
De me navegar além de mim, muito além d’além mar.
(Para Amália Rodrigues e Dulce Pontes)

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